Cartografia do espaço: olhares que estabelecem relação
Espelho negro. Quadro negro. Tudo
o quê é fundo se destaca. (Pro)fundo…
Ao lado, uma gaiola imensa –
máquina do tempo enferrujada. Sobra foligens nos meus dedos… Me desfaço,
corrosiva. Da fresta de uma porta gigante e vidros transparentes percebo um
fluxo fino e rasgante. Não consigo ver de onde vem o vento e as coisas…
Pátina. Patina. Empurra e enruga.
Enruga o chão: dobras estrelares de 6 pontas e 12 pontos. Vermelho, marrom,
ferrugem, mosaico. As peças sobressaem e saem. Sons sobressaem. Imagem sai. Reflexos
sobressaem. Do fundo, imundo. Cristais, frágeis… no vidro: “Colégio
Brasileiro de Estudos – SODUTSE SOTLA”. Aos contrários… (pixação) Joice? Tentativas de encontro…
Ranhuras. Fechaduras. Tudo que
fecha está aberto. Tudo que está exposto, encoberto. Feixes de sombras. Roncar
da moto. Atravesso. Rasantes! Paro.
Encolhida. Foi por muito pouco...
Os morcegos gritam, silvando sobre mim…
Novamente, na encruzilhada: contemplo
o risco. Não consigo saber se vão para longe ou se vem em minha direção. Efeitos visuais... Fui a primeira chegar no andar. Lidia chega e ainda estou imóvel na
encruzilhada. Penso que a protejo de longe e muda. Ela consegue atravessar sem que
nenhuma sombra plane sobre ela. O corredor parece estar encantado. Enquanto ela
caminha, carrega todo o espaço consigo. Agora eu vou! Corre! Não, anda… Nada. Parece
que foi só um aviso. Acho que tem a ver com inaugurar caminhos. Caminho
solitário e povoado por muitos entes, dentre eles, o risco-ente. Cadê a Bruna?
Restos de comida de morcego. Orgânica como a madeira que pereceu neste espaço. O vento traz folhas verdes e a vida
para cá, para dentro… Medo dos quartos vazios. Das passagens,
da sombra que emana som (Oh↓)… que som é esse?! Meu Deus, tem alguém aqui! Deus,
como você é fugaz... Bruna chega e logo lhe esqueço. Sinto-me acolhida com a
presença da Bruna e vejo: a silhueta humana num daqueles quartos antigos, como casa de vó. Um
homem se levanta da cadeira: “Preciso me esconder pra descansar”. Falas. Reconhecimentos e
acolhimentos…
Parto. Da claraboia que abre e não
ilumina. Da claraboia que fecha, o vidro mostra. Paradoxos.
OK 680 │690 │700
│710
As portas de madeira perderam serventia. Estão escoradas nas
paredes
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Suspensão do Tempo: que salão imenso! O espelho cobre todo o teto! Um teto de motel para um espaço subutilizado,
abandonado... Quanto dinheiro jogado fora! Tudo está em obra e se faz obra, sem
capacetes ou sinto de segurança.
Subo e em cada degrau, o nome de
um músico, de uma compositora. Quem inaugura e fecha o lance de escadas é Aretha Franklin
e Rita Lee. Lembro do feminino de Louise Bourgeois. O último andar me entorta.
Molda. Agora, juntas, ante a entrada da última sala, achatada, sonoramente estranha, sombria, apavorante… Não tenho coragem. Ninguém teve. É o nosso limite. Voltamos ao térreo. Silêncio
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