Corpos que escrevem sobre o chão efervescente, ou quando a praça não está mais quase vazia


Rio de Janeiro, 28 de março de 2018.


A caminhada até a praça já configura uma atmosfera de      p
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  a
g
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a ç
d
a….
...
….


A diversidade de ritmos já recorta o espaço de diferentes maneiras e acentuam no meu corpo o meu caminhar -
os pés, a bacia parecem protagonistas, me esforço a ouví-los. No entorno, a coreografia  parece acelerada, mas eu já
sinto as mulheres às quais me dirijo ao encontro, isso me conecta e não me deixa perder o passo.

Sintonizamos em efervescências. Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Palácio Pedro Ernesto. Praça Floriano s/n
Cinelândia.

Não encontramos plenária na Câmara, encontramos um velório. A morte nos lança novamente na praça. E essa
praça, diferente da outra que já recebeu nossos corpos a escrever sobre o chão, não está vazia, ela FERVE. Sob o sol do meio dia, uns muitos passantes, a pressa, a vigilância… Sob a sombra da árvore, uns poucos à margem conversam ao lado da pilha de papelão…



Cá do lado de fora, o chão pra muitos é casa, é trabalho, é descanso, pouso, labuta.
Escrever sobre o chão da praça. Dessa praça cujo chão abriga essa casa.
Casa defendida à bombas e gás lacrimogêneo de pessoas que usam unhas e dentes.




(((((( não é curioso que em meio a tantas vidas - ritmos, tamanhos, velocidades, cheiros, texturas, cores - que compõe
essa paisagem…   …


… é que esse prédio, a Câmara, só é grande no tamanho, mas não cabe ali a vida da praça ----
---- grandes arquiteturas comportam vidas menores?)))))


Lembro da carta da Laura, parece que aqui nessa praça tendemos a ser moléculas em teia - força concêntrica que
gera calor e palavras entre nossos corpos - um   n ú c l e o.




SUSTENTAÇÃO
RE-EXISTÊNCIA
INSISTÊNCIA

(((((O que que move corpos borbulhantes? E salivas espumantes? E se as bocas ao invés de falar, se demorassem em produzir texturas molhadas materializando os movimentos de absorver e expelir? )))))


REMETER - INTERGALÁCTICAMENTE ------- ser remetente e destinatário.

Chão de pedras portuguesas.
por Raquel O. Amaral // corpos que escrevem sobre o chão  //  escrita intergalática_ conexão Lisboa (c.e.m.) - Rio de Janeiro.

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